quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Relatos I

Na ultima feira do livro, na ultima em que tive a decência de comprar um livro, optei por "Um mundo sem fim (volume II) - Ken Follet" [ não comprei o Volume I porque não havia -.-' ] e como boa consumidora de livros que sou, em duas semanas este já se encontrava consumido. E este livro remete-nos a uma época pouco auspiciosa. Séc. XIV, peste negra, e controlo religioso. E de tudo o que é relatado, duas das personagens reencontram-se depois de 10 anos afastados e a paixão arrebatadora não se tinha evaporado. E aqui, já nas páginas 200 chega a primeira cena obscena e indigna de uma freira. Mas elas são frescas. Piores que eu e Actualidades Lda. E deixou-vos um relato pouco pormenorizado, mas um relato mesmo como eu gosto, apaixonado.


"Pouco habituada a passar tantas horas montada a cavalo, começou a sentir o corpo dorido, e foi um alívio quando pararam para jantar e pôde desmontar do pónei. Depois de comerem, sentaram-se no chão com as costas recostadas contra o tronco de uma grande árvore, a fim de descansarem e deixarem a refeição assentar antes de seguirem viagem.
Caris estava a pensar em Godwyn, esforçando-se por imaginar o que encontraria á chegada a São João da Floresta, quando subitamente se apercebeu de que ela e Merthin estavam prestes a fazer amor. Não sabia explicar o motivo da descoberta – nem sequer se estavam a acariciar -, mas não teve a mais pequena dúvida disso. Virou-se para olhar para ele e percebeu que sentia o mesmo. Contemplou-a com um sorriso pesaroso, e Caris viu-lhe nos olhos dez anos de esperança e desilusões, mágoas e lágrimas.
Pegou na mão dela e beijou-lhe a palma, encostando em seguida os lábios à pele macia do seu pulso e fechando os olhos. – Estou a sentir a tua pulsação – disse ele em voz sumida.
- A pulsação, só por si, não te há-de adiantar de muito – murmurou ela. – Vais ter de me fazer um exame completo.
Merthin beijou-a na testa, nas pálpebras e no nariz. – espero que não te sintas envergonhada de eu te ver nua.
- Não te preocupes… Eu não me vou despir com um tempo destes.
Trocaram leves gargalhadas.
- Não te importas de ter a gentileza de levantar a saia do hábito para que eu possa proceder ao exame?
Caris estendeu um braço e pegou na bainha do hábito. Envergava umas meias que lhe chegavam ao joelho. Levantou a saia devagarinho, deixando à mostra os tornozelos, as barrigas das pernas, os joelhos e, por fim, a pele branca das coxas. Estava bem-humorada, todavia, lá no fundo, perguntava-se se ele iria detectar as mudanças que os últimos dez anos tinham infligido ao seu corpo. Emagrecera, mas, apesar disto, as suas ancas estavam mais largas. A sua pele já não era tão lisa e macia como outrora, e os seus seios tinham perdido a firmeza e a sustentação. O que haveria ele de pensar? Afastou as apreensões e entrou na brincadeira. – Será suficiente para fins clínicos?
- Não me parece.
- O problema é que eu não trago cuecas vestidas… luxos desses são considerados indignos duma freira.
- Nós, médicos, temos por obrigação ser muito cuidadosos, por muito que isso nos repugne.
- Oh, meu Deus! – Exclamou ela com um sorriso. – Mas que vergonha. Bom nesse caso… - Sem desviar os olhos dele, foi arregaçando a saia até esta lhe ficar pela cintura.
Merthin contemplou-lhe o corpo, e Caris reparou-lhe na respiração mais acelerada. – Ora, ora – comentou ele. – Temos aqui um caso muito grave. Aliás… - Ergueu o olhar para o rosto dela, engoliu em seco e confessou: - Chega de brincadeiras.
Caril envolveu-o nos seus braços e puxou o seu corpo para cima do dela, apertando-o com quanta força tinha, agarrando-se a ele como se se estivesse prestes a afogar e ele fosse a sua tábua de salvação. – Faz amor comigo, Merthin – suplicou-lhe. – Já, depressa."


(e quem depois de ler isto não suspirou e disse: que bonito... ?)

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