Adolescentes. Carentes. Palavras que rimam e muitas vezes são verdade. Crescemos com histórias do príncipe encantado que vem num cavalo branco para nos dizer o quanto nos ama e admira, embora nos tenha visto uma única vez.
Eu não fui excepção. Ainda hoje sonho e imagino um apaixonado dos tempos modernos, com um certo cavalheirismo, a me vir bater à porta, de joelhos e com um anel na mão para mim. Coisas demasiado românticas para os homens de hoje, digo eu.
Há dias sonhei com um amigo. Já namorámos é verdade. Nunca resultou apesar das tentativas. Havia sempre algo que nos afastava. As pessoas, o tempo, os sentimentos confusos. Mas sonhei com ele.
É verdade que quem o conhece nunca se poderá queixar que ele não é um cavalheiro. Um gentleman mesmo. A mulher sempre primeiro, a porta aberta para nos deixar entrar, as ajudas em situações de "perigo".
Vi-o numa festa. Estava rodeado de pessoas mas no entanto tinha um olhar triste. De repente, virou-se para o melhor amigo e disse que se ia embora. Ele perplexo ficou ainda a barafustar enquanto ele saía. Tempos depois veio-me bater à porta com um anel na mão e a declaração de amor mais bonita de todos os tempos.
Depois acordei. Não sabia o que pensar. Dei-me a pensar como já fui apaixonada por ele. Talvez mesmo viciada. O típico sentimento de pura aflição constante. O coração bater mais rápido quando se aproximava, o vazio que ficou quando tudo teve um fim, o sentimento de raiva falsa quando tudo corria mal.
Nunca o poderei culpar de me ter feito infeliz, porque seria mentira. Ele fez-me feliz, e ainda faz. Faz-me sentir feliz e protegida sabendo que tenho para a vida um dos melhores amigos do mundo. O amigo que posso chegar perto a chorar e ele vai-me abraçar de imediato sem perguntar nada. O amigo que se ri de mim quando me acontece algo de mais estúpido. O amigo que me chama à razão. O amigo com o qual sorrir não tem de ser algo forçado. É aliás, bastante natural.
Fui apaixonada, Odiei-o, e hoje, depois de algum tempo, adoro-o. Porque nas pessoas mais improváveis, encontramos o nosso espelho.
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